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Não pode ouvir? Leia o Storycast #1 e revolucione com storytelling.

Olá, pra que vem lá!

Eaí, pra quem vai chegando aqui.

Sejam bem-vindos todos que desejam se aprofundar no universo do storytelling.

 

Você está ouvindo a estreia do storycast, Podcast supimpa e maroto para quem tem o que contar! Aqui dividimos histórias, contamos piadas, distribuímos abraços e, principalmente, falamos sobre storytelling. Se você ama histórias, chegue mais. Se aconchegue sem pressa, porque aqui meu caro storytebler, aqui é a sua casa.

 

Meu nome é Matheus, sou seu anfitrião no episódio de hoje, cujo tema de hoje é:

 

Revolucione com o storytelling!

Em que falaremos do storytelling como ferramenta de mudança e de revolução.

Quer mudar a história? Aumenta o volume e descubra como.

Vivemos uma época de mudanças profundas, em que a maioria das pessoas lutam por um mundo mais justo, pacífico e igualitário.A revolução está na agenda do dia. Está nas ruas, nas manchetes, na mesa do bar e na fila do pão.

 

E olha só: tinha tudo para ser umaépoca romântica, um período de reconstrução da sociedade com debates acalorados e pessoas unidas, engajadas em fazer um mundo melhor. Mas… Né? Não tem sido bem assim.

 

Para não dizer outra coisa, a comunicação entre as pessoas está bem complicada. E falando sem rodeios porque o storycast é curto, o que acontece é que não há diálogo. Ninguém consegue expor uma ideia. Tenta-se impo-la. A força. No grito. E me desculpa se vou dizer o óbvio: isso não funciona.

 

E onde está o problema? Quer saber? Então pega o contexto:

 

Tem um negócio chamado de psicologia tribal que éacionado toda vez que nos unimos a uma comunidade. Isso faz com que o seu cérebro adote um determinado mindsetting que nos leva a ter uma leitura do mundo com os mesmos olhos que os nossos companheiros.

 

Não estou dizendo que seja ruim nos unirmos em comunidades. Não mesmo! Sua família, seu clube de leitura, o pessoal da igreja, a turma que pedala junto, até os brothers do crossfit são exemplos de comunidades fortes e que trazem ganhos positivos. Mas há um instinto tribal que estimula o ódio e as piores tendências humanas quando confrontados com comunidades adversárias.

 

Um exemplo clássico é o esporte. Ali os grupos de pessoas se unem em torno de um time. Há os territórios e as batalhas. Tem os hinos e as bandeiras. Há choro e griraria. Cara, o povo fica muito louco ali! 

 

É um caldeirão! O povo com as emoções a flor da pele e desejando de coração que o adversário morra! Daí tanta violência entre as torcidas.

 

ainda cenários piores.

 

Segundo a cientista cognitiva Laurie Santos da Universidade de Yale nos Estados Unidos, há também as filiações políticas que normalmente de um viés ideológico. O que influencia em toda a percepção que o indivíduo acaba tendo da realidade.

 

Por isso ocorre uma ligação ainda mais profunda do que a ligação entre torcedores do esporte. Que chega a ser alienante. Isso torna muitas pessoas automaticamente contrárias a qualquer opinião que seja divergente do seu grupo.

 

Como mudar isso? Como diminuir o ódio de um torcedor contra um time rival? Como sensibilizar? Há uma resposta, mas segura aí a curiosidade que eu ainda não acabei.

 

Meu pai sempre curtiu filmes catástrofe. Amageddon, Impacto Profundo, TerremotoEle até comprou umas coleções do Discovery Channel sobre furacões, tempestades, catástrofes naturais, etc. Ele era viciado na musiquinha do plantão, que parava a programação para anunciar alguma coisa grave que tinha acontecido. E eu, ali de lado me perguntava: o que tem de legal nisso?

 

Então descobri um dado interessante: 90% de todas as notícias noturnas são negativas.  Más notícias vendem. Sabemos que há muitas coisas ruinsacontecendo no mundo e que tomar consciênciaé o primeiro passo para fazer algo a respeito. No entanto, não é por isso que paramos para assisti-las.

 

Então por que consumimos tanto as más notícias? Porque no final das contas, sempre a enxergamos como um entretenimento. As pessoas querem ver o circo pegar fogo! Há em nós ainda aquele velho cidadão romano assistindo aos gladiadores no coliseu. Queremos ver sangue!

 

E eu provo! A maioria das pessoas assistem Formula 1 e Formula Indy para ver acidentes. Ah, eu não”. Tudo bem. Mas as pessoas sentem mais prazer em ver o time dos outros perdendo que o seu ganhando. Agora te peguei, não é?

 

Isso explica o nosso fascínio pelos reality shows. Queremos o escândalo, a fofoca, o ultraje e a porrada comendo solta. Você paga pra ter isso. E desde que a violência e o escárnio esteja a uma distância segura, restrita a TV, aos jornais e à internet, você não vê problema nenhum nisso.

 

Poxa Matheus, agora você está me deixando mal com esse papo. Pensei que o podcast era sobre storytelling. E o que o storytelling tem a ver com isso? Respondo:

 

Pense na seguinte notícia; um avião caiu. Tádando na tv, pipocando nos seus feeds de notícias e já até colocaram link nas conversas de WhatsApp.  Eaí, o que você faz?

 

Opção 1: Ignora e continua focado em seguir com os compromissos do dia.

 

Opção 2: abandona tudo o que está fazendo para passar o resto do dia assistindo a cobertura do acidente e comentando com as pessoas.

 

Não adianta mentir, eu sei exatamente o que você faria.E você vai assistir a isso comum espetáculo que ganha contornos extraordinários por ser real.

 

Agora vamos mudar de perspectiva. Anos depois, você vai ao cinema para assistir ao filme desse desastre aéreo. Então os passageiros ganham rostos e histórias. Você fica sabendo de um que estava indo para se casar. Que outro não teve tempo de fazer as pazes com o filho. São dezenas de histórias acontecendo simultaneamente à história da queda.

 

Ao conhecer a história de cada um, você se conecta a eles. Tem empatia e compaixão. E passa a torcer por um milagre, para que aconteça algo, que aquilo não termine de forma trágica.

 

Notou a diferença de perspectiva que o storytelling proporciona? E o que é isso? Bem, chamamos isso de empatia.

 

Sério, é só isso que nos falta? Empatia?

 

Touché! As pessoas não se ouvem, levam tudo para o lado pessoal e não se põe no lugar das outras. Como nas histórias! O que você disse? Vou repetir: As pessoas não se ouvem, não se põe no lugar das outras. Como nas histórias! Por que? Porque as histórias fazem que nós troquemos de lugar com os outros.

 

 

Segue essa a história:

 

Havia um poeta francês chamado Jacques Prévert. Um dia ele vê um mendigo na rua segurando um pedaço de papelão com uma frase pedindo ajuda. O poeta o aborda:

 

Como vão as coisas, ele pergunta. “Não estão boas. Sou cego então tenho que ficar pedindo mas as pessoas passam, lêem a minha placa e não dão muito atenção. Será que você poderia me dar algum dinheiro?”.

 

O poeta não tinha dinheiro para dar, mas se ofereceu para escrever algo diferente na placa que o mendigo segurava. E isso eles fez e depois se foi.

 

Quando reencontrou o mendigo, perguntou novamente como iam as coisas.  Dessa vez as coisas haviam mudado.

 

As pessoas tem sido muito generosas comigo. Tenho até tido três refeições por dia.Feliz, o mendigo agradece e pergunta: O que você escreveu na minha placa?

 

Jacques respondeu:  Eu escrevi: a primavera está chegando e eu não irei vê-la”.

 

Percebem, ao invés da mensagem sou cego, me ajudeque não sensibilizava ninguém, o poeta conseguiu despertar a empatia por meio de uma história.

 

Agora você entende o poder do storytelling? Criamos pontes entre as pessoas, conectando elas com uma mensagem que gera vínculos profundos. As histórias têm o poder para transformar o mundo. E não há outra maneira mais eficiente de se fazer isso senão contando histórias.

 

Amor e empatia é a melhor forma de mobilizar pessoas. Não a mais rápida. Nem a mais impactante. Mas a mais profunda, eficiente e duradoura.


Carl Jung, um dos mestres da psicanálise, nos aconselha:

Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.

 

Como diria o Papa Francisco quando surpreendeu a todos fazendo uma aparição surpresa em um TED TALK, precisamos da Revolução da Ternura.

 

Nas santas palavras deles: “Arevolução da ternura é necessária para colocar as pessoas novamente no centro.Ele continua: Como seria bom se, enquanto descobrimos novos planetas distantes, redescobríssemos as necessidades do irmão e da irmã que estão orbitando ao meu redor! Como seria bonito se a fraternidade, palavra tão bonita e às vezes incômoda, não se reduzisse somente a assistência social, mas se tornasse o comportamento principal nas escolhas políticas, econômicas e científicas, nas relações entre pessoas, povos e países.” 

 

Então o Papa conclui: “Espero que este encontro nos ajude a recordar que precisamos uns dos outros, que ninguém é uma ilha, um eu autônomo e independente dos outros. Podemos construir o futuro somente juntos, sem excluir ninguém. Precisamos da Revolução da Ternura.”

 

Para terminar, deixe-me, agora, dar um outro exemplo, com outra história real que ilustra muito bem o poder do storytelling para mudar a nossa perspectiva sobre um acontecimento.

 

Para isso eu recorro ao exemplo de Victor Hugo, o grande gênio da língua francesa que, engajado no combate à pobreza, foi até a Assembleia Nacional Legislativa em 9 de julho de 1849 e cheio de entusiasmo proferiu o famoso discurso Destruir a miséria”[1] visando comover as autoridades francesas para que trabalhassem para mudar a sorte dos mais desfavorecidos.

 

Não sou, senhores, desses que acreditam que se possa acabar com o sofrimento no mundo; o sofrimento é uma lei divina. Mas sou desses que pensam e afirmam que se pode destruir a miséria.

 

A causa de Victor Hugo era clara: destruir por completo a miséria. “… não digo diminuir, limitar, circunscrever, digo destruir. () Destruir a miséria! Sim, é possível! Legisladores e governantes devem almejá-lo constantemente; pois, em tal matéria, enquanto todo o possível não é feito, o dever não é cumprido.

 

Tratava-se de um discurso inflamado e eloqüente, mas que pouco tocou o coração dos deputados. No final, a única coisa que ele ganhou com o seu esforço foram aplausos de uma plateia indiferente a mensagem. E assim, nada no mundo mudou.

 

Uma década depois, no entanto, ele novamente voltou a denunciar os males da miséria. Mas ao invés de um discurso no parlamento, desta vez Victor Hugo escreveu um livro, um clássico da literatura mundial chamado Os Miseráveis[2].  Podemos dizer que era apenas mais uma história. Mas essa história mudou o mundo.

 

Victor Hugo teve êxito por dois motivos. Primeiro porque entendeu que somente uma boa história poderia tocar profundamente as pessoas, dividindo com o público o ponto de vista das suas personagens, de modo a quebrar a falta de empatia com a realidade dos miseráveis. E isso mobilizou gente para a sua causa.

 

E segundo, e mais importante, mostrando que aquele problema não era só de um grupo ou classe, era uma problema que demandava uma resposta de toda a humanidade. Ao contrário do que tinha feito uma década antes, achando que a pobreza era um problema a ser resolvido pelo governo francês, agora ele via que era preciso mobilizar toda a sociedade para esse propósito, despertando nela o protagonismo para o combate a pobreza. O resto é história.

 

Então, viu o poder que o storytelling tem para mudar o mundo?

 

Aqui termina o nosso primeiro storycast, o podcast de storytelling da Conta Outra Jack. Sintonize e siga a nossa playlist para conteúdos cada vez mais interessantes sobre storytelling. Eu vou ficando por aqui e até a próxima com mais um storycast!